Chegou aquela época do ano: de ganhar presentes e colher alguns aprendizados
Estamos perto do Natal, uma data muito importante para a maioria dos brasileiros. Seja qual for o motivo pelo qual o Natal é especial para você, tenho certeza de que podemos tirar boas lições dele. Aliás, essas lições podem muito bem ser aplicadas aos nossos investimentos.
Quer saber como? Continue lendo para descobrir as 5 coisas que eu aprendi com o Natal sobre investir.
Algumas são engraçadas, outras trágicas. O que importa é sempre buscar melhorar, ano após ano.
Vamos lá então!
#1 – Papai Noel não existe, mas todo mundo adora o bom velhinho
Me desculpe se eu acabei de revelar para você que o Papai Noel é, na verdade, ficção. Foi mal mesmo se eu dei um fim no seu sonho 😕
Se por acaso você já sabia do fato acima, então vai entender minha comparação. Todo mundo com mais de 6 anos de idade sabe que Papai Noel não existe. Só que ninguém liga.
Ele está sempre presente nas festas de Natal. Se temos crianças na família, aquele tio barrigudo vai se vestir de roupa vermelha e barba branca para animar a garotada e, em qualquer shopping, você verá uma fila enorme para tirar foto com Noel e seus ajudantes.
A questão é: nós achamos divertido chegar a essa época do ano e recriar a imagem de um vovô que dá presentes para quem se comportou bem. É algo que, por mais que saibamos que é pura ficção (que se mantém viva para nos fazer comprar mais), nos faz gostar do “faz de conta”.
Assim também acontece no mundo dos investimentos, principalmente quando algum Guru vem com aquele papo de que você pode aplicar fórmulas mágicas ao seu dinheiro e enriquecer rapidamente.
Se pararmos 5 minutos para pensar bem, vemos que isso é puro mito. Mas infelizmente muitos investidores ainda acreditam que enriquecer no curto-prazo é o objetivo a se buscar.
Isso, para mim, é mais lorota que o Papai Noel. Pelo menos com o bom velhinho eu posso tirar foto e colocar no Facebook…
#2 – A corrida pelas compras é igual todos os anos
Todo ano é a mesma coisa: shoppings e lojas lotados perto do dia 25 de Dezembro. Parece que todos deixam para a última hora para fazer suas compras.
Mas o que acontece quando muitas pessoas vão ao shopping ao mesmo tempo?
Demora mais para encontrar vaga para estacionar, as filas ficam maiores e eventualmente até os preços sobem, tamanha é a procura por produtos.
Todos os anos vemos isso acontecer e nada muda no ano seguinte. Estamos acostumados a deixar para a última hora, mesmo sabendo que isso é prejudicial.
Assim também acontece muitas vezes com a nossa grana. Deixamos para depois a responsabilidade de cuidar bem dela e, quando chega o deadline, passamos por situações que não precisariam acontecer se nos planejássemos melhor.
Ao invés de dizer “mais tarde eu vejo isso”, por que não começar já a cuidar do seu dinheiro e investi-lo? Assim você evita aquele aperto lá na frente.
#3 – Não se transforme no Peru de Natal
Chega o período de festas natalinas e já começa a se formar aquela imagem, na nossa cabeça, da mesa cheia de comida. A estrela, nas festas tradicionais, é o peru.
Agora, pense como é trágica a história dele. Imagine o período de 1 ano. Durante 364 dias, o peru (ainda vivo) é alimentado pelo seu criador. Comida farta e boa, porque o bicho tem que crescer!
Eventualmente, o peru passa até a gostar do criador, porque todos os dias, na hora da refeição, ele sabe que é sinônimo de comida. Só que chega dia 24 de Dezembro (ou 25, se preferir) e o peru se torna a refeição.
Poderia ele prever isso? Claro que não!
O peru certamente sempre olhou para os dias anteriores e pensou: “se até ontem sempre tive comida farta, amanhã será igual”.
É, não é bem assim… Esse, na verdade, é um exemplo presente em um dos livros de Nassim Taleb, que pegou de Betrand Russell a história. Ela nos mostra como não podemos usar o passado para prever o futuro.
Nos investimentos, principalmente na Bolsa de Valores, somos tentados a pensar que o passado se repetirá no futuro. Se vemos uma ação se valorizar 50% nos últimos meses, imaginamos que isso acontecerá nos próximos também.
Mas nada, absolutamente NADA garante que isso irá acontecer. Não seja você o peru de natal e aprenda, antes de uma dolorosa lição, que retornos passados não garantem retornos futuros.
#4 – Deixar para comprar depois do dia 25 é bem mais vantajoso
Não é segredo para ninguém que, após o Natal, temos grandes descontos nos preços. O momento de euforia das compras já passou e é hora de zerar o estoque para começar o próximo ano com produtos novos.
Quem espera para comprar presentes após o Natal acaba economizando bem. Ok, ok, perde um pouco da graça de trocar os presentes no dia 24 ou 25 mas, pela economia, às vezes vale.
Nós não temos promoções pós-Natal na Bolsa de Valores, mas existe um movimento parecido. Muitos investidores acabam comprando ações quando todos os outros também estão. Acabam pagando mais caro.
Investidores inteligentes sabem observar o mercado também quando ninguém está olhando, em busca de melhores oportunidades.
Por isso, levo essa lição para mim: não adianta querer comprar só quando todo o resto da galera quer o mesmo que você. Saber buscar momentos alternativos pode ser bem vantajoso!
#5 – Todo mundo se ama no Natal
Esse último ponto eu não podia deixar de fora. É o que mais me incomoda, de verdade.
Usando a linguagem clara e popular: o ano inteiro é só treta entre as pessoas. Familiares que não se dão bem, “amigos” que falam mal um do outro pelas costas.
Aí chega o Natal e, por um momento, todos estão sorrindo, se abraçando e comemorando juntos. Claro que isso é bom. Precisamos de paz e trégua por algum momento.
O que quero dizer aqui é que somos levados pelo momento festivo para acreditar que tudo foi resolvido. Curiosamente, vemos o mesmo efeito no mercado.
Por muitas vezes, estamos no meio de um caos econômico, político ou social e, de repente, uma notícia otimista deixa todos os investidores felizes e cegos aos problemas que ainda persistem.
O que eu tiro de lição daqui é que, na hora de investir (especialmente na Renda Variável), não podemos simplesmente nos deixar levar pelo otimismo e euforia do mercado e acabar cometendo erros por não enxergar a real situação.
Eu odeio o Natal?
É lógico que não! É um dos poucos momentos do ano em que tenho a família toda reunida e que comemoramos juntos.
Porém, é muito curioso observar os efeitos de datas como essa no nosso comportamento. Dessa nossa experiência prática, ano após ano, podemos tirar algumas lições valiosas para não cometermos erros na hora de investir.
Você sabe como é: em família, se erramos, podemos sempre corrigir o erro. Investindo, nem sempre 😉
Um ótimo Natal para você!